Dia do Distúrbio do Movimento: entendendo os distúrbios hiper e hipocinéticos e o papel da reabilitação
- Dra Rachel Guimaraes
- há 2 dias
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O Dia do Distúrbio do Movimento é comemorado dia 29/11 e é uma oportunidade importante para ampliar a compreensão sobre condições neurológicas que afetam a forma como o corpo se move. Esses distúrbios podem surgir por alterações no sistema nervoso central — especialmente em regiões como os gânglios da base, tálamo e cerebelo, e influenciam diretamente a qualidade de vida, autonomia e funcionalidade das pessoas.
Embora cada condição tenha características específicas, costumamos classificar os distúrbios do movimento em duas grandes categorias: hipercinéticos e hipocinéticos. Entender essa diferença é essencial para reconhecer sintomas, buscar tratamento adequado e otimizar a reabilitação.
Distúrbios hipercinéticos: quando o corpo se movimenta em excesso
Nos distúrbios hipercinéticos, o problema está na presença de movimentos involuntários em excesso, repetitivos, bruscos ou descoordenados. Esses movimentos podem afetar qualquer parte do corpo e interferem em tarefas simples do dia a dia.
Exemplos de distúrbios hipercinéticos:
Distonias: contrações musculares involuntárias que geram posturas anormais ou movimentos repetitivos. Podem ser focais (como torcicolo), segmentares ou generalizadas.
Coreias (como na Doença de Huntington): movimentos rápidos, irregulares e imprevisíveis.
Tiques (como no Transtorno de Tourette): movimentos ou vocalizações involuntários, de início súbito.
Tremores: movimentação rítmica e involuntária, presente em condições como tremor essencial.
Cada um desses quadros exige uma abordagem terapêutica específica, mas todos podem se beneficiar de estratégias de reabilitação personalizadas.
Distúrbios hipocinéticos: quando o movimento é reduzido
Nos distúrbios hipocinéticos, o corpo passa a se mover menos, mais lentamente ou com maior rigidez muscular. Há uma redução na amplitude e velocidade dos movimentos, assim como dificuldade para iniciar ou manter ações motoras.
Exemplos de distúrbios hipocinéticos:
Doença de Parkinson: caracterizada por bradicinesia (lentidão), rigidez, tremor em repouso e alterações posturais.
Paralisia supranuclear progressiva (PSP): marcada por lentidão, instabilidade postural e dificuldades oculomotoras.
Parkinsonismo atípico: grupo de condições que também geram lentidão e rigidez, mas têm evolução e respostas terapêuticas diferentes do Parkinson clássico.
Esses quadros tendem a ter grande impacto funcional, mas respondem muito bem a programas de reabilitação voltados para mobilidade, equilíbrio e ampliação da amplitude dos movimentos.
A fisioterapia neurofuncional é uma das principais ferramentas para preservar autonomia e retardar a progressão das limitações motoras.Os benefícios incluem:
melhora da mobilidade e da marcha;
redução da rigidez e dos movimentos involuntários;
fortalecimento e ampliação da capacidade funcional;
prevenção de quedas;
otimização da neuroplasticidade;
promoção da independência nas atividades diárias.
Tratamentos específicos, como métodos intensivos (ex. LSVT BIG para Parkinson) e protocolos de neuromodulação não invasiva, também podem potencializar a neuroplasticidade e melhorar performance motora em diferentes condições.
A prática regular de exercícios físicos não é apenas complementar — ela é essencial. Tanto em quadros hipercinéticos quanto hipocinéticos, o exercício promove benefícios estruturais e funcionais no sistema nervoso.
Como o exercício ajuda?
reduz inflamação e melhora a saúde vascular, contribuindo para a prevenção de alguns distúrbios;
fortalece redes neuronais e estimula o BDNF, favorecendo a neuroplasticidade;
melhora equilíbrio, coordenação e força;
ajuda a reduzir dor e fadiga;
melhora sintomas motores, especialmente na Doença de Parkinson;
favorece a estabilidade postural e reduz risco de quedas;
contribui para bem-estar emocional, sono de qualidade e regulação metabólica.
Exercícios de força, treino aeróbico, dança, marcha rápida, exercícios funcionais e atividades que desafiam coordenação e equilíbrio são especialmente recomendados.
Conclusão: conhecimento, movimento e reabilitação transformam vidas
Os distúrbios do movimento fazem parte de um grupo amplo e complexo de condições neurológicas, mas hoje sabemos que o tratamento não se limita a medicação. A combinação entre reabilitação especializada, exercício regular e, quando indicado, neuromodulação não invasiva representa uma das abordagens mais eficazes para melhorar sintomas, preservar autonomia e garantir qualidade de vida.
No Dia do Distúrbio do Movimento, reforçamos a importância da informação correta, do diagnóstico precoce e de programas de reabilitação baseados em evidências — porque conhecimento e movimento têm impacto direto na forma como o cérebro e o corpo funcionam.

