Freezing da Marcha: como a Fisioterapia Neurofuncional e a EMT podem ajudar
- Dra Rachel Guimaraes
- 13 de ago.
- 2 min de leitura

O freezing da marcha (ou “congelamento da marcha”) é um dos sintomas motores mais desafiadores em doenças neurológicas como o Parkinson e alguns tipos de parkinsonismo atípico. Ele se caracteriza por episódios súbitos de incapacidade de iniciar ou continuar a caminhada, mesmo quando a pessoa deseja se mover.
Pacientes descrevem a sensação como se os pés estivessem colado no chão, especialmente ao:
Iniciar a caminhada;
Fazer curvas;
Passar por espaços estreitos;
Encontrar obstáculos inesperados.
Além de gerar frustração e ansiedade, o freezing aumenta muito o risco de quedas e limita a autonomia.
Por que o freezing da marcha acontece?
O mecanismo exato ainda não é totalmente compreendido, mas sabe-se que envolve alterações nas conexões entre áreas do cérebro responsáveis pelo planejamento motor, controle do equilíbrio e percepção espacial.
Fatores que podem desencadear ou piorar o freezing:
Flutuações da medicação antiparkinsoniana;
Ambientes com estímulos visuais ou auditivos confusos;
Alterações emocionais como ansiedade ou estresse;
Fadiga física.
A fisioterapia neurofuncional utiliza estratégias específicas para reduzir a frequência e a duração dos episódios de congelamento, além de treinar respostas compensatórias para que o paciente mantenha a marcha de forma mais segura.
As principais abordagens incluem:
Treino de pistas externas (cueing): uso de estímulos visuais, auditivos ou táteis para facilitar o início e a continuidade da caminhada;
Exercícios de amplitude e força: melhoram a mobilidade articular e reduzem a rigidez;
Treino de dupla tarefa: prepara o paciente para caminhar em situações reais que exigem atenção dividida;
Simulação de situações de risco em ambiente seguro, para treinar respostas rápidas;
Orientações para o dia a dia: estratégias para lidar com bloqueios em casa, na rua e em locais públicos.
O tratamento é sempre personalizado e progressivo, adaptado à evolução do quadro motor.
A EMT é uma técnica de neuromodulação não invasiva que utiliza pulsos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro, modulando a atividade neuronal.
Em pacientes com congelamento, estudos mostram que a EMT pode:
Melhorar o controle motor por ativar redes cortico-subcorticais envolvidas na locomoção;
Aumentar a resposta ao treino fisioterapêutico, potencializando seus efeitos;
Reduzir sintomas motores associados, como bradicinesia e rigidez.
O protocolo geralmente envolve sessões diárias por algumas semanas, seguidas de manutenção periódica, sempre associado à reabilitação motora.
Prevenção de quedas no congelamento
Mesmo com tratamento, o risco de quedas permanece, por isso a prevenção é prioridade:
Manter atenção às pistas visuais (linhas no chão, marcações);
Evitar pressa e mudanças bruscas de direção;
Usar calçados firmes e antiderrapantes;
Adaptar o ambiente doméstico (remover tapetes soltos, ampliar corredores estreitos quando possível).
O congelamento da marcha pode comprometer severamente a independência, mas a combinação de fisioterapia neurofuncional e EMT oferece um caminho promissor para reduzir seus impactos.
Quanto antes o tratamento começar, maiores as chances de preservar a mobilidade, reduzir quedas e manter a qualidade de vida.
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