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Risco de quedas na Doença de Parkinson: como prevenir e manejar com fisioterapia neurofuncional

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    Dra Rachel Guimaraes
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

Dra. Rachel Guimarães - fisioterapeuta neurofuncional
Dra. Rachel Guimarães

Quedas são muito comuns na Doença de Parkinson, mas podem trazer complicações sérias como fraturas, internações, perdas funcionais, e até aumento da moribidade e da mortalidade. Por isso é fundamental entender por que as quedas acontecem e como preveni‑las.


Por que pessoas com Parkinson caem mais?

A Doença de Parkinson afeta múltiplos sistemas envolvidos no controle do movimento, e por isso as quedas não acontecem por um único motivo, mas sim pela combinação de vários fatores, por exemplo:

  • Bradicinesia (lentidão dos movimentos);

  • Redução do tamanho e da velocidade do passo;

  • Alterações no controle postural;

  • Dificuldade em realizar viradas e mudanças de direção;

  • Congelamento da marcha (Freezing of Gait – FOG);

  • Déficits cognitivos e de atenção, especialmente em situações com dupla tarefa;

  • Fadiga e flutuações motoras relacionadas à medicação.

Com a progressão da doença, o risco de quedas tende a aumentar, principalmente em ambientes com obstáculos, escadas, superfícies irregulares ou durante atividades do dia a dia, como levantar da cadeira, virar na cama ou caminhar em locais movimentados.


As quedas vão muito além do evento em si, e podem gerar complicações importantes como: fraturas (especialmente de quadril e punho), traumatismos cranianos, medo de cair novamente, levando à redução de atividades, perda de independência funcional, aumento do risco de hospitalizações, impacto negativo na qualidade de vida, maior morbidade e mortalidade.

Por isso, prevenir quedas é um objetivo central da reabilitação no Parkinson.


A fisioterapia neurofuncional é uma abordagem especializada, baseada em princípios de neuroplasticidade, que vai muito além de exercícios genéricos de força ou alongamento.

Durante a avaliação, o fisioterapeuta analisa várias coisas, como o padrão da marcha, tamanho e velocidade do passo, estratégias de equilíbrio, capacidade de realizar viradas e transferências, presença de congelamento da marcha, grau de funcionalidade e o risco de quedas.

A partir disso, é elaborado um plano de tratamento individualizado, com foco nos fatores que aumentam o risco de quedas.


Estratégias fisioterapêuticas para reduzir quedas

O treino de marcha no Parkinson precisa ser direcionado e consciente, trabalhando:

  • Aumento do tamanho do passo;

  • Ritmo e cadência da marcha;

  • Coordenação entre membros superiores e inferiores;

  • Uso de pistas externas (visuais, auditivas ou táteis) para facilitar o movimento.

Essas estratégias ajudam o cérebro a contornar os déficits automáticos do movimento.

2. Treino de viradas e transferências

Virar, levantar da cadeira e mudar de direção são situações de alto risco para quedas. Na fisioterapia, essas tarefas são treinadas de forma repetida e segura, com foco em:

  • Sequenciamento motor;

  • Estabilidade postural;

  • Estratégias de proteção;

  • Ganho de confiança no movimento.

Quando presente, o congelamento da marcha exige estratégias específicas, como:

  • Pistas visuais no chão;

  • Contagem rítmica;

  • Estratégias cognitivas para iniciar o movimento;

  • Treino em ambientes variados.

O objetivo é reduzir a frequência e a duração dos episódios de congelamento.

4. Integração com treino cognitivo e dupla tarefa

Muitas quedas acontecem quando o paciente anda e realiza outra tarefa ao mesmo tempo, como conversar ou carregar objetos. Por isso, o treino de dupla tarefa é fundamental para melhorar:

  • Atenção;

  • Planejamento motor;

  • Capacidade de adaptação a ambientes complexos.

5. Importância da prática regular e da continuidade

Os ganhos obtidos em protocolos intensivos de reabilitação precisam ser mantidos. A interrupção do treino específico pode levar à perda dos benefícios e ao retorno das quedas.

Manter a fisioterapia de forma regular — idealmente 3 a 4 vezes por semana, com foco em marcha e funcionalidade — é essencial para preservar os resultados ao longo do tempo.


Além da fisioterapia especializada, a prática regular de exercícios físicos estruturados contribui para:

  • Manutenção da força;

  • Condicionamento cardiovascular;

  • Redução da rigidez;

  • Melhora da confiança no movimento.

No entanto, é importante reforçar: nem todo exercício é suficiente para prevenir quedas no Parkinson. Exercícios genéricos precisam ser complementados por um trabalho neurofuncional específico.


As quedas na Doença de Parkinson não são inevitáveis. Elas podem ser prevenidas com avaliação adequada, estratégias corretas e continuidade do cuidado.

A fisioterapia neurofuncional é uma ferramenta fundamental nesse processo, atuando diretamente nos mecanismos que levam às quedas, promovendo segurança, autonomia e melhor qualidade de vida.

Cuidar da marcha é cuidar da autonomia.

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© 2022 - Dra Rachel Guimarães

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